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Receita para fazer um festival de teatro quase sem dinheiro

28 abr 2016 00:00

'Festival Sinopse' arranca amanhã, dia 29

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Jacinto Silva Duro

Quase a fazer 40 anos, a Companhia de Teatro de Leiria – Te-Ato prepara-se para fazer arrancar a 3.ª edição da Sinopse - mostra de peças de teatro de curta duração. Este ano, o festival terá três dias, ao contrário dos anos anteriores em que se concentrou em apenas um.

Uma das ideias iniciais do Te-Ato para a Sinopse, quando foi criada há três anos, era a de levar os espectáculos de curta duração para a rua. Durante um dia, o grupo imaginava fazer uma festa de teatro que utilizava as ruas, praças, largos e recantos como um enorme palco.

“Em poucos minutos, o público conseguiria assistir a um espectáculo e ficar tocado pelo teatro. Isto poderia mobilizar novos espectadores, mostrando- lhes que o teatro não é uma coisa transcendental, para uma elite.

O teatro é uma reflexão na ágora”, conta o director artístico do Te-Ato, João Lázaro. Esticar a mostra para três dias em 2016 foi um artifício utilizado para conjugar as agendas das várias companhias que irão estar presentes, mas Lázaro acredita que isso vai permitir que mais pessoas possam assistir às peças.

“Se não puderem num dia, poderão no seguinte.” Ganha-se por um lado, perde-se por outro. A ideia original passava por juntar os grupos mais experimentados com os menos e, durante um ou dois dias, partilharem opiniões sobre o trabalho uns dos outros.

“Quem quisesse experimentar fazer teatro também o poderia fazer e fá-loia ao lado de grupos consagrados que lhes poderiam expor as suas opiniões sobre o que viam. Há sempre formas de melhorar.”

Infelizmente, os apoios foram reduzidos este ano e o festival terá menos dinheiro para a missão. A autarquia de Leiria manteve o apoio de 1300 euros e o Inatel reduziu o valor de 450 para 300 euros.

“O orçamento de 1600 euros é dedicado a pagar às companhias e é muito pouco. Vamos pagar 100 euros ao GATAS ou ao SOM... chega para eles se deslocarem à cidade e nem as refeições lhes pagamos. A quem vem de Lisboa, pagamos 250. Se descontarmos o valor do gasóleo, refeições, portagens, fica muito pouco”, sublinha Lázaro, adiantando que, para complicar as contas, os apoios autárquicos são pagos por tranches.

“A primeira, de 650 euros, é entregue agora e a segunda chegará apenas em Outubro. É muito embaraçoso ter de dizer às pessoas que só lhes pagaremos o resto daqui a seis meses, mas criou-se, a nível oficial, o hábito de se pedir aos actores que ofereçam o seu trabalho, que é o seu ganha-pão”, afirma, dizendo que, depois de dois anos a mostrar o trabalho feito na Sinopse, é “desprestigiante ver o valor do apoio manter-se ou até ser reduzido.”

Programação

SEXTA-FEIRA 29 - 21:30 horas
O Moço Esperto Logrado
Autor: Anónimo do Séc. XVIII
Encenação: João Moital/GATAS – Grupo Amador de
Teatro da Associação da Sismaria

SÁBADO 30 - 16 horas
A Bruxa e o Cliente Ilustre
Autor: Jaime Salazar Sampaio
Encenação: Carlos Paniágua Féteiro
Sexo, Violência e Walt Disney
Autor: Teixeira Moita
Encenação: Carlos Paniágua Féteiro/TIL – Teatro
Independente de Loures

17 horas
Cabaret Valentin
Autor: Karl Valentin
Encenação: Francisca Passos Vella/Sport Operário
Marinhense

21:30 horas
A Rapariga de Ferrugem - um café amargo com
Burton e Cesariny

Autor: Ana Dionísio
Encenação. Ana Dionísio/Teatro da Casa da Máquina

22 horas
O Apanhador de Folhas de Plátano
Autor: João Lázaro
Encenação: João Lázaro/Te-Ato (Grupo-Teatro de
Leiria)


Domingo 1 - 21:30 horas
Impulsos III
Autor: Pedro Oliveira (textos a gosto)
Encenação: Pedro Oliveira/O Nariz - Teatro de Grupo

22 horas
Agora também sou água
Autor: Ana Lázaro
Encenação: Ana Lázaro/Dobrar – Núcleo Artístico

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