Sociedade
Triplicou a quantidade de meixão apreendido pela GNR na região
Em 2022, foram detidas três pessoas por pesca ilegal.
A quantidade de meixão (enguia- -bebé cuja captura é ilegal em Portugal) apreendida, no último ano, pela GNR no distrito, triplicou o valor do registado em 2021. Durante o ano transacto, foram recuperados 7,810 quilos de meixão, devolvidos depois ao seu habitat natural, enquanto em 2021 a quantidade apreendida rondou 2,540 quilos.
De acordo com dados facultados pela GNR ao JORNAL DE LEIRIA, a maior apreensão efectuada no ano que agora terminou totalizou 2,995 quilos de meixão. Os dados indicam ainda que, em 2022, foram detidas três pessoas por esta prática de pesca ilegal, enquanto no ano anterior tinha havido uma detenção.
Segundo o major Rainho e Sousa, chefe da secção de Protecção da Natureza e Ambiente do Comando da GNR de Leiria, a pesca de meixão na região faz-se, sobretudo, junto nos rios Lis, Alcoa e Tornada, com o pescado a ser escoado para Espanha, mas também para alguns países asiáticos.
O valor do meixão no mercado final varia consoante a época do ano, mas “pode alcançar os seis mil euros por quilo”, informa a GNR num comunicado emitido a propósito da recente detenção de dois homens, apanhados em flagrante junto à foz do rio Tornada, em Salir do Porto.
A pesca do meixão está proibida em Portugal desde 2000, com excepção de alguns troços do rio Minho, onde, durante certos períodos do ano, é permitida por se tratar de um curso de água “transfronteiriço e por em Espanha esta prática estar autorizada”, explica o major Sousa.
A pesca é feita com uma rede de malha muito fina, para impedir a passagem do meixão (enguia-bebé), que pode medir entre quatro a oito centímetros, sendo necessários entre “quatro a cinco mil exemplares para um quilo”.
“Como o que tem valor comercial são os indivíduos juvenis, que são apanhados antes de chegar à idade adulta, o ciclo reprodutivo não se completa, pondo a espécie em risco”, salienta o chefe da secção de Protecção da Natureza e Ambiente do Comando da GNR de Leiria.
Espécie ameaçada
A enguia europeia Anguilla anguilla, nome científico do meixão, é, segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, uma espécie “criticamente ameaçada desde 2008”.
De acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, nos últimos 30 anos, a população desta espécie terá registado uma quebra na ordem dos 75%. Uma das principais razões para esta redução prende-se como a sobrepesca de juvenis de enguia. A redução do habitat disponível nas águas doces devido à construção de barragens e açudes é outro factor de ameaça à espécie.
O meixão tem a forma típica de uma enguia, mas o corpo é transparente e bastante mais pequeno (mede entre quatro a cinco centímetros). Nasce no mar de Sargaços (no meio do Atlântico, a nordeste do Mar das Caraíbas). É aí que ocorre a desova.
“As larvas atravessam o oceano em direcção às água continentais europeias onde completam o seu desenvolvimento”, pode ler-se no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, segundo o qual, no País a espécie ocorre “em todas as bacias hidrográficas, desde o Minho até ao Guadiana” e nas águas costeiras dos Açores e da Madeira. Os exemplares que sobrevivem até à idade adulta regressam depois ao Mar dos Sargaços para se reproduzir e morrer.