Opinião

A ilusão socialista 

24 nov 2023 16:39

A Ciência Política diz-nos que há uma correlação positiva entre o crescimento económico e a estabilidade governativa

Nos últimos quase 30 anos, o PS esteve 21 anos na governação. Durante quase três décadas, a definição e condução das políticas públicas e económicas do País tiveram uma índole partidária socialista. Tirando o período troika de Passos Coelho e os mandatos frugais de Durão Barroso e Santana Lopes, o século XXI português é essencialmente PS. Mas essa predominância socialista foi benéfica ou não para o País? 

A Ciência Política diz-nos que há uma correlação positiva entre o crescimento económico e a estabilidade governativa. Nos primeiros 20 anos deste século, a taxa de crescimento anual média do PIB português foi de apenas 0,83% e, por consequência, a dos salários reais foi de 0,85% ao ano. Um país que cresce menos de 1% ao ano revela uma economia débil, porque crescer pouco condiciona a capacidade económica dos cidadãos e o seu bem-estar social.

Considerando os dados dos Relatórios do Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, nos últimos 20 anos, o poder de compra per capita português duplicou (de 16.256 dólares/ano para 33.420). No mesmo período, os três tigres bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia), que transitaram de uma economia socialista centralizada para uma economia de mercado liberal, quintuplicaram o seu poder de compra per capita (de 7.092 dólares/ano para 36.607).

Em termos de classificação do desenvolvimento humano, em 20 anos, Portugal desceu dez posições e os países bálticos subiram doze. Em 2022, cada trabalhador em Portugal produziu cerca de 20 euros por hora a menos do que a média da UE27. 

Os 21 anos de governo socialista tem sido uma corrida em câmara lenta, onde Portugal vem sendo ultrapassado por outros países. Uma das principais razões da indolência económica portuguesa é o abandono do seu sector industrial. No início do governo de A. Guterres (1995), o peso da indústria no PIB era de 17%, enquanto que hoje é de 13%.

No início do século, Portugal tinha 78 mil empresas na indústria transformadora, ao passo que em 2021 o número baixou para 67 mil. Em duas décadas, o País perdeu cerca de 290 mil trabalhadores industriais. Em contrapartida, em vinte anos, o número de trabalhadores no ramo de alojamento e restauração aumentou em 85 mil pessoas.

Actualmente, Portugal emprega 380 mil trabalhadores no sector do turismo, cerca de metade de todos os trabalhadores do sector secundário. Portugal está a transformar-se na colónia de férias da Europa – o socialismo PS fez do País uma economia recreativa. 

Uma economia de crescimento lento gera empobrecimento acelerado. Há 20 anos, a diferença entre o risco de pobreza sem e com o Estado social era de 17%, enquanto que actualmente é de 26%. Ou seja, o modelo socialista não foi direccionado para o crescimento económico criador de riqueza, mas sim de apoios sociais. É uma ilusão que tolhe a liberdade dos cidadãos e aumenta a sua dependência ao Estado.