Ai pernas, para que vos quero!?

Peregrinar é percorrer um Caminho. Caminho exterior e interior. É fazer de alguns esforços e limites a porta aberta para a degustação da plenitude e infinitude da vida. É reconhecer no nosso humano a vontade de tocar o mais além, sem sairmos ainda de cá.

Tempos houve em que as coisas pareciam ser mais claras e a mensagem que nos chega desse tempo assim o proclama, com uma clara definição entre o bem e o mal, o caminho bom e o mau, entre as opções louváveis e os comportamentos reprováveis. Tempos conturbados, os nossos, em que as vidas parecem não ter tempo e paciência para as procuras mais profundas, capazes de ser bitolas orientadoras e inspiradoras dos comportamentos humanos em geral, e da pessoa em particular.

São os tempos da inteligência emocional, dos coachers certificados, dos praticantes das mais variadas meditações d’aqui e d’além mar, são os experienciadores das mais variadas religiões e, no entanto, parece que o nível de insatisfação ou de sentimento de vazio ainda vai dando um ar da sua graça aqui e acolá. Ou não dando sinal nenhum e com isso, aparentemente, se conviver bem. Estarão todos enganados?

Reafirmamos o essencial. Há uma certa inquietude que nos acompanha e nos caracteriza. Há uma fome de certeza e de preenchimento que não se vê preenchida nas prateleiras e montras deste mundo. Até porque, e todos já o experienciamos, de um momento para o outro este “mundo” que nos foi dado, também rapidamente se esfumaça... e, com ele, todas as “vaidades e certezas” humanas.

Não se faz aqui o apanágio do medo e da angústia, ou de qualquer condenação eterna, como factores últimos do despertar espiritual consistente. Tal como na mais básica das peregrinações, a certeza de um Deus maior inspirador é factor de saída, de si e das suas coisas, para se questionar acerca de... Acerca de tudo e do todo. Acerca dessa relação! Acerca do que há a fazer.

Por estes dias e neste fim-de-semana que passou a Diocese de Leiria-Fátima peregrinou até Fátima e, entre outras coisas, sublinhou-se essa condição peregrina da vida e de quem se sabe sob o olhar expectante do maior optimista da História! Caminhamos?