Opinião

Distopia

20 abr 2018 00:00

Os medos e as esperanças universais, a par do complexo emocional que mobiliza e causa impacto nos indivíduos, possibilitam uma reflexão difusa sobre a vida e o futuro.

Vivemos na era da distopia. A etimologia da palavra recorda-nos Thomas More, como o autor que cunhou o conceito de utopia. A sua génese é grega e resulta da junção de "ou" – "não" – com o "topos" – "lugar".

O significado exacto seria, então, “lugar nenhum”. Todavia, o seu percursor e seguidores utilizavam o termo para designar um lugar onde tudo funciona perfeitamente. Distopia, porém, é a união de "dys" – "mau, ruim" com "topos" – "lugar". E reflecte o conceito filosófico oposto ao de utopia.

Gregg Webber e Stuart Mill usaram pela primeira vez esta categoria num discurso do parlamento britânico, em 1868. Ainda que remonte a essa época, não poderia ser mais actual esta concepção do mundo e das suas globalidades viciosas, pretensamente conectivas e facilitadoras.

Ainda que ambas as palavras definam futuros imaginados, ficcionais e idealistas, as utopias são pautadas pela fé na justiça, no bem comum e no culminar das misérias humanas. Já as distopias, patenteiam sociedades em que as elites no poder, deliberadamente, subvertem a justiça a favor dos seus interesses.

Ainda que a existência humana e as suas genuínas expressões artísticas e intelectuais, mas também mundividentes, nos relevem esses conceitos bem reais e filosóficos, as sociedades contemporâneas, por intermédio do uso massivo da tecnologia e comunicação, relativizam o conceito de justiça e a crença na bondade humana.

De resto, exploram o instinto básico da saciedade até à exaustão, sem que o controlo seja accionado, atendendo ao modo como actua e condiciona o cérebro humano. Os medos e as esperanças universais, a par do complexo emocional que mobiliza e causa impacto nos indivíduos, possibilitam uma reflexão difusa sobre a vida e

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