Opinião

Dos Linkdln´s à vida real

2 mar 2024 10:30

A meritocracia é uma ilusão que muitos tendem a acreditar

É uma rede social que vários de nós acompanham, pois é focada num tema importante, o emprego. E negócios também. O Linkdln quase que vende sonhos, os quais são povoados por discursos motivacionais balofos e o cliché do “dedica-te muito e conseguirás”. Contudo da teoria e dos cenários ideais e floreados até ao mundo real vai uma grande distância em Portugal.

Não, não basta dedicarmo-nos muito. Não, não basta termos mérito, vontade, reconhecimento q.b. e um CV dos bons. Eu posso confirmar isso na primeira pessoa. Nos últimos anos apresentei dezenas de projectos, uns sem intuito financeiro, outros sim, com o normal intuito financeiro, já que não é o voluntariado que paga contas.

Estes projectos foram apresentados a indivíduos, associações, juntas de freguesia, autarquias, Turismo de Portugal, empresas de reciclagem e outras mais. Projectos de tipologias várias, uns de índole “tradicional”, outros de natureza inovadora. Sabem o que consegui? Consegui que uns não respondessem sequer, consegui esperar 2 anos para depois ouvir um “esqueci-me, envia novamente o orçamento”, consegui ter reuniões para debater projectos para desenvolver onde ouvi “muito bem” e depois, passada a reunião e a promessa do “falamos depois”, nada ouvi além do silêncio comprometedor.

Isto de forma transversal às entidades várias, indivíduos, sector público, associações e empresas. Tudo isto para mostrar que o Linkdln e afins de pouco ou nada valem em Portugal, pois a mentalidade portuguesa é, factualmente, pouco amiga de quem, de facto, trabalha, de quem é inovador e de quem entrega tudo de si pela sua região e país em temáticas várias.

A meritocracia é uma ilusão que muitos tendem a acreditar. Lá por fora não sei que resultados tem, mas não me admira que tenha, de facto, resultados, já que a mentalidade empresarial e de negócios é bem diferente a todos os níveis.

É um cenário desolador, que muitos evitam falar publicamente. Já pensaram o quanto o país perde, a todos os níveis, com este cenário?