Editorial
Incêndios em linha recta
Continuamos a assistir a fogos florestais de origem duvidosa e em zonas de difícil acesso
Chegaram os primeiros picos de calor e aí estão, de novo, os incêndios florestais. Sim, é verdade que o fogo sempre fez parte da história, que as comunidades rurais mais antigas o usavam para gerir as terras, limpar o mato e melhorar o pasto. Agora, apesar de alguns descuidos pontuais com as queimadas, há efectivamente mais cuidado na utilização do fogo em meio florestal, mas assistimos com mais frequência a ocorrências mais severas.
As chamas atingem rapidamente proporções preocupantes, justificando-se, por isso, a forte mobilização de meios. Hoje, é ‘normal’ ter no combate a um só incêndio uma dezena de meios aéreos, a trabalhar em simultâneo. Ainda assim, as populações manifestam-se cada vez mais ansiosas, sempre que pressentem as chamas a aproximar-se das suas aldeias, vilas ou cidades.
Embora muito falte ainda fazer na melhoria do ordenamento do território e na área da prevenção, é inegável o trabalho desenvolvido por algumas autarquias nestes campos. No entanto, os resultados parecem tardar em aparecer. E continuamos a assistir a fogos florestais de razóavel dimensão, em zonas de difícil acesso. Pelo menos, para os meios de combate terrestre.
Por outro lado, e sem qualquer intenção de lançar suspeitas sobre quem quer que seja, continuamos a assistir a fogos florestais de origem duvidosa. Na terça-feira, por exemplo, os dois incêndios que chegaram a ocupar mais de 300 bombeiros, nos concelhos de Leiria e Batalha, deflagraram com uma diferença temporal de pouco mais de 10 minutos.
No dia anterior, em pouco tempo, tinham deflagrado quatro incêndios, entre os concelhos de Pombal e Ourém, felizmente sem consequências graves. Curiosidade: enquanto o primeiro estava dado como controlado, era dado o despacho de primeiro alerta para os outros três, localizados geograficamente numa linha recta até Ourém. Será que foi apenas uma estranha coincidência?