Editorial

Mais egoísmo por favor

28 mai 2020 10:33

As necessidades nesta altura são imensas, pelo que toda a ajuda que chegue, será pouca.

Esta semana o JORNAL DE LEIRIA foi ao encontro de três associações de intervenção social e acompanhou o trabalho que desenvolvem junto da população mais vulnerável.

Falamos da Atlas, da InPulsar e da Novo Olhar II, instituições que, em conjunto,apoiam várias centenas de pessoas em Leiria, Marinha Grande e Pombal, número que a crise pandémica que atravessamos tem vindo a engrossar.

É um trabalho que para a maioria das pessoas é invisível, mas ao qual todos deveríamos fazer a devida vénia, pois além de levar alguma dignidade a vidas, em muitos casos, destroçadas, promove a integração social, reduzindo, assim, a probabilidade de a marginalidade crescer nessas franjas da população.

São, como muitas outras instituições da mesma natureza, uma verdadeira rede de segurança que ampara os que, por alguma razão, tropeçam nas armadilhas da vida e não têm onde se agarrar.

São a garantia para muitos de que a queda não será num poço sem fundo, havendo um patamar mínimo de onde não passam, que é o básico que qualquer ser humano devia ter direito: comida, higiene, medicação e alguém com quem falar.

Como é óbvio, se antes da pandemia as solicitações eram já muitas, durante este período os pedidos de apoio não param decrescer, com os técnicos destas associações, muitos deles voluntários, a verem-se obrigados abdicar da segurança do confinamento e a dizerem presente a quem mais precisa, lutando com a dificuldade de chegar a um tão grande número de pessoas com recursos parcos.

Apesar das doações de diversas empresas do ramo alimentar e de outros bens de primeira necessidade, que têm ajudado a minorar o problema, a verdade é que as necessidades nesta altura são imensas, pelo que toda a ajuda que chegue, será pouca.

Ou seja, se há quem se entregue de corpo e alma ao desafio de não deixar o(s)outro(s) cair, também eles verdadeiros heróis deste tempo, o mínimo que cada um de nós pode fazer, é contribuir como pode.

Por pouco que seja, pois o pouco somado dará um muito que será determinante para muitas vidas.

Seria uma forma de ajudar quem mais precisa, mas também de agradecer a quem dedica a sua vida a lutar pelos outros, muitas vezes, como já referido, em voluntariado.

Helena Vasconcelos, presidente da Atlas, referiu em tempos ao JORNAL DE LEIRIA, que ajudar os outros “é puro egoísmo".

"É para me sentir bem. No voluntariado recebemos sempre mais do que aquilo quedamos”, mas se assim é, a verdade é que precisamos de mais egoísmo como esse como do pão para a boca.

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