Opinião
Pós Covid-19: as pessoas primeiro
Prioridade das prioridades é a efetivação de mais robustas e significativas medidas de apoio às pessoas e às famílias, motivadas pela grande quebra dos seus rendimentos, contribuindo fortemente para a sua insustentabilidade.
Ainda o coronavírus!
Esta insistência torna-se necessária para que se mantenha bem presente que este surto de infeção implica um esforço coletivo na prevenção e contenção desta pandemia.
É um inimigo invisível, que ainda pouco conhecemos, mas que nos exige todo o cuidado para que, neste momento atual, a sua probabilidade de transmissão possa ser baixa.
Ultrapassar o medo e inspirar confiança na população é fundamental, mas não se pode abrandar nem fazer de conta que esta fase de evolução da pandemia se encontra resolvida, sob risco de se perder o atual controlo e retrocedermos.
O que se constituiria num desastre, pelo que este não é tempo para uma vida dita normal.
Este regresso pressupõe prudência e que se tenha presente que este é um caminho longo e cheio de perigos.
Há que continuar a respeitar as regras estabelecidas, que não devem ser ignoradas ao sabermos que um aumento dos contactos entre as pessoas vai aumentar os contágios.
Responsabilidade exige-se, pelo que cada um de nós deve assumir a sua quota-parte desta missão, sabendo que o seu papel é crucial e insubstituível na sua contenção.
Vivemos tempos difíceis e de futuro ainda incerto, mas precisamente por isso, não podemos aceitar com resignação contrariedades escusadas e dispensáveis.
Estamos num momento significativo do desconfinamento, com um regresso mais próximo da normalidade dos serviços de saúde e com a retoma gradual da atividade económica.
É evidente que a conjuntura atual não é a mais satisfatória, perante o desânimo e a incerteza, mas os desafios que o país agora enfrenta exigem que seja assegurada capacidade de resposta para fazer face às necessidades provocadas pela suspensão e/ou encerramento definitivo de algumas atividades e ao elevado desemprego.
Prioridade das prioridades é a efetivação de mais robustas e significativas medidas de apoio às pessoas e às famílias, motivadas pela grande quebra dos seus rendimentos, contribuindo fortemente para a sua insustentabilidade.
Esta é uma emergência social.
A sua vulnerabilidade não pode deixar ninguém insensível perante a realidade e testemunhos de quem está a passar fome.
Esta é uma situação dramática.
É uma fragilidade que origina ansiedade, medo, preocupações.
Promover o seu bem-estar e saúde mental, amenizando as suas respostas emocionais e comportamentais, passa a ser um desígnio fundamental.
Pessoas que não podem ficar sós, desesperadas pela ajuda que não chega quando ninguém pode esperar.
Felizmente, não esperando que as coisas aconteçam, mas fazendo acontecer, é mais uma vez de enaltecer a resposta solidária, voluntária e mobilizadora das associações de cariz social e empresas que disponibilizaram apoios financeiros para minorar este sofrimento, num trabalho a todos os níveis meritório.
Não é possível conformarmo-nos perante os problemas e não ter uma estratégia para os resolver, pelo que agindo sem hesitações, espera-se do governo um plano robusto e modelar, com vontade de implementar as medidas necessárias à sua concretização para que estas pessoas possam, com dignidade, retomar a sua normalidade de vida perdida.
Como alguém disse, em tempos difíceis, como os que inegavelmente vivemos, a equidade e a justiça são valores que assumem uma importância crucial.
É isso que esperamos que continue a acontecer.
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990