Covid-19

Covid-19: Leiria recorre a fundos para criar laboratório “altamente diferenciado”

30 set 2020 18:00

Nesta fase inicial, o laboratório “reforçará a capacidade para testes PCR e serológicos, garantindo, assim, que a região não fique dependente de outros centros para dar respostas rápidas em situações de urgência como sucedeu no início da pandemia”.

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Numa primeira fase, o AlLadin pretende realizar testes à Covid-19
Ricardo Graça

O grupo de Saúde do Gabinete Económico Social (GES) da Região de Leiria vai candidatar o AlLadin a um financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia para iniciar a construção de um laboratório “altamente diferenciador”.

“O que pretendemos é que o AlLadin - Advance Laboratory for Diagnostic Inovation-Leiria tenha quatro fases. As duas primeiras servem para complementar a resposta à pandemia, através do diagnóstico, com a realização de testes PCR para identificar a infecção aguda, e a avaliação da imunidade de grupo na população da região”, explicou a coordenadora do ciTechCare - Centro de Inovação em Tecnologias e Cuidados de Saúde do Politécnico de Leiria, Maria Guarino.

A ideia do AlLadin resulta de uma proposta em conjunto com outro grupo de trabalho do GES - Investigação e Desenvolvimento - e de “muitas sessões de troca de ideias entre académicos e profissionais de saúde” no terreno.

O projecto, coordenado com o Centro Hospitalar de Leiria e com as autoridades de saúde, será candidatado a uma linha de financiamento já aberta pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

No entanto, o AlLadin é mais ambicioso e tem outras duas etapas que o grupo de Saúde gostaria de conseguir alcançar.

“Na fase 3, queremos avançar para um programa de vigilância epidemiológica que permita perceber o que acontece ao vírus na nossa região: quais as variantes regionais de infecção e mutações específicas”, revelou ainda a investigadora.

Numa fase 4, o objectivo é “procurar variantes regionais de protecção individual contra infecção e outras doenças através de microArrays, uma tecnologia altamente diferenciadora, que irá permitir uma abordagem de medicina de precisão e escolha das melhores intervenções terapêuticas para cada paciente”.

“Isto é o topo da medicina personalizada”, destacou Maria Guarino, ao referir que está atenta aos financiamentos da comunidade europeia para garantir que o projecto consegue encontrar investimento para concluir as fases 3 e 4.

A investigadora, que lidera o grupo de Saúde do GES - entidade que se constituiu para responder aos problemas provocados pela pandemia da Covid-19 e que integra os diferentes actores da sociedade – sublinhou que este seria um laboratório de diagnóstico “altamente diferenciado”.

Nesta fase inicial, o laboratório “reforçará a capacidade para testes PCR e serológicos, garantindo, assim, que a região não fique dependente de outros centros para dar respostas rápidas em situações de urgência como sucedeu no início da pandemia”.

A investigadora revelou ainda que os rastreios imunológicos podem não ser suficientes para avaliar a imunidade ao SARS-CoV-2.

“Quando somos infectados desenvolvemos anticorpos, mas a quantidade de anticorpos no sangue diminui com o tempo e meses depois pode já não ser detetável no organismo”, explicou.

Tal situação, “não significa que não se tenha desenvolvido alguma resposta imunológica”, pois existe a imunidade celular, onde “os linfócitos T, que são células com ‘memória’, quando veem o vírus, conseguem reagir e rapidamente originar uma resposta imunitária muito rápida e eficaz”.

“Por isso, o facto de não termos anticorpos não significa que não estejamos protegidos e este aspecto ainda está em investigação em relação ao SARS-CoV-2”.