Sociedade

Leiria e Pombal criam grupo para avaliar novas explorações de inertes

17 out 2022 18:26

Equipa, constituída por autarcas e representantes da sociedade civil, tem como missão avaliar os eventuais impactos nos recursos naturais dos novos pedidos de licenciamento

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Redacção/Agência Lusa

Um grupo de trabalho que envolve os municípios de Leiria e Pombal, hoje apresentado, quer evitar novas explorações de inertes se não for garantida a qualidade de vida das populações, assim como a protecção dos recursos naturais.

“Esse é o propósito, é o de que não haja mais novas licenças de exploração sem que se acautele este território”, disse à agência Lusa o porta-voz deste grupo de trabalho e vereador na Câmara de Leiria, Luís Lopes.

Defendendo uma redução dos “impactos cumulativos” das explorações existentes, Luís Lopes afirmou que, nesta altura, sem haver “a garantia absoluta de que os recursos naturais existentes e aqueles que já foram retirados estão a causar impacto na saúde pública, na existência de água e na qualidade da água e até na floresta”, este processo “deve ser mais acautelado”.

O vereador explicou que esta iniciativa surgiu “após um novo pedido de exploração de inertes e caulinos” nesta região e do resultado das “sessões de esclarecimento à população por causa do processo de consulta pública”.

“Entendemos que havia um enorme descontentamento com este tipo de explorações e que era relevante haver, por um lado, um maior acompanhamento das existentes e mais informação, e, por outro, que pudéssemos participar de forma mais activa nestes novos pedidos de prospecção e exploração”, referiu o autarca, que tem o pelouro do Ambiente.

Integram este grupo de trabalho, denominado “Protecção ambiental do território”, além dos municípios de Leiria e Pombal, a freguesia do Coimbrão e a União de Freguesias de Monte Redondo e Carreira (Leiria) e a União de Freguesias da Guia, Ilha e Mata Mourisca (Pombal).

De acordo com Luís Lopes, estas três freguesias, que “são contíguas, acabam por ser aquelas que têm maior número de explorações já em actividade e também mais pedidos para novas explorações” que “afectam algumas localidades, não é a totalidade destes territórios”.

O porta-voz destacou que era importante os presidentes de junta também estarem envolvidos, sendo que no grupo de trabalho estão, igualmente, representantes das localidades afectadas, para que os processos sejam “mais transparentes e mais participados”.

O autarca adiantou que, entre outras iniciativas já realizadas, incluindo um abaixo-assinado, este grupo, que iniciou o trabalho em Agosto, quer ter o envolvimento de entidades ligadas ao ambiente, energia e geologia, além do das “empresas que já estão no território”.

“Não estamos contra [as empresas] que existem, isso nunca foi um assunto, mas queremos que, cada vez mais, elas sejam parte activa deste processo de esclarecimento e de defesa do território”, frisou o autarca, notando ainda que o grupo de trabalho quer reunir com as entidades com competência nesta matéria, como Ministério do Ambiente e Direcção-Geral de Energia e Geologia.

Sobre o papel das câmaras municipais nesta matéria, o vereador reconheceu que um hipotético parecer negativo a um pedido de exploração não tem efeito suspensivo, admitindo que as autarquias acabam por não ter “qualquer controlo sobre este tipo de explorações”.

Uma nota de imprensa da Câmara acrescentou que este grupo de trabalho “tem como objectivo promover acções de protecção e preservação do território, das suas gentes, património natural (floresta, geologia, água, ar, solo), infraestruturas e a qualidade de vida das pessoas e animais, considerando os impactos negativos cumulativos de todas as explorações de recursos geológicos e hídricos já existentes, procurando de forma objectiva, sustentada e fundamentada assegurar que não serão concedidas mais licenças de prospecção e/ou exploração de recursos neste território”.