Sociedade
Mulher Século XXI lança campanha de sensibilização sobre violência digital contra mulheres e raparigas
Em Leiria, Centro de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica atende 180 novos pedidos de ajuda
Em Leiria, o Centro de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica atendeu 180 novos pedidos de ajuda. Também em Leiria, 90,6% das vítimas de violência doméstica são mulheres. Os números referem-se ao ano passado e são destacados pela Mulher Século XXI.
Atendendo a este contexto, a Associação de Desenvolvimento e Apoio às Mulheres, em parceria com o Município de Leiria e a S4 Publicidade, lança uma acção de sensibilização integrada no Orange Leiria, cujo tema deste é a violência digital contra mulheres e raparigas. Não à violência digital contra mulheres e raparigas é o mote desta iniciativa, que pretende tornar visível uma realidade que cresce à velocidade da tecnologia e que atinge, de forma desproporcional, quem continua a ser alvo de desigualdade estrutural — agora também nos ecrãs”, salienta a organização.
A campanha pretende ganhar impacto nas ruas de Leiria, através de mupis digitais, e as redes sociais dos promotores também terão o seu papel na difusão da mensagem.
A campanha do Orange Leiria tem como principais objectivos: “responsabilizar quem partilha conteúdos íntimos sem consentimento; alertar para o risco associado ao envio de imagens; combater discursos que culpabilizam vítimas; rejeitar a narrativa de inevitabilidade; desmontar julgamentos morais que silenciam e traumatizam”.
A Mulher Século XXI - Associação de Desenvolvimento e Apoio às Mulheres contextualiza a dimensão digital da violência doméstica: “a violência digital contra as mulheres utiliza tecnologias online para ameaçar, humilhar, manipular ou facilitar agressões. O catálogo é extenso e está a expandir-se: assédio sexual online e bodyshaming; roubo de identidade para prejudicar, intimidar ou desacreditar; discurso de ódio sexista normalizado em redes sociais e fóruns; perseguição (stalking) digital; aliciamento sexual (grooming) que transforma espaços digitais de crianças em portas de acesso a abusadores; violência sexual baseada em imagens, onde se incluem deepfakes de teor sexual e cyberflashing”.
A associação sublinha que “a tecnologia, quando mal usada, transforma-se numa arma. Hoje, 90% a 95% das vítimas de falsificações digitais de conteúdo sexual são mulheres e raparigas. No gaming, as comunidades tornaram-se ambientes especialmente hostis, com níveis elevados de assédio sexual. E o impacto não fica no online: consequências psicológicas graves, perdas económicas e afastamento definitivo dos espaços digitais”.