Opinião

Reflexão sobre as eleições europeias

14 jun 2024 16:34

A Europa está em perigo e estas eleições só confirmaram que os partidos xenófobos, nacionalistas e populistas vieram para tomar o poder das instituições europeias

As eleições do passado fim de semana nos 27 Estados-membros tiveram um reforço quer da direita moderada quer da extrema-direita. Os liberais e as forças de esquerda, como socialistas e verdes, perderam mandatos. Os partidos da extrema-direita cresceram em quase todos os países com particular destaque para as vitórias em França da União Nacional (RN) de Marine Le Pen, com o dobro dos votos do partido do Presidente Emmanuel Macron e a vitória expressiva da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.

Na Bélgica, o primeiro-ministro Alexander De Croo demitiu-se, depois do desaire nas eleições. Na Alemanha, principal economia europeia, os sociais-democratas do chanceler Olaf Scholz, de centro-esquerda, ficaram atrás da Alternativa para a Alemanha, que subiu para o segundo lugar. Apenas na Hungria a extrema-direita viu o seu apoio cair, no entanto, o partido de Viktor Orbán continua a ser o mais votado. 

A composição do Parlamento Europeu será a seguinte: Grupo Renew Europe 79 deputados; Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia 53 deputados; Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu 135 deputados; Grupo da Esquerda no Parlamento Europeu 36 deputados; Grupo do Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos) 186 deputados; Grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus 73 deputados; Grupo Identidade e Democracia 58 deputados; Não Inscritos 45 deputados; Deputados recém-eleitos não filiados em qualquer dos grupos políticos do Parlamento cessante  55 deputados. 

Em Portugal, as forças de extrema-direita também tiveram um resultado significativo. Ter um partido populista, xenófobo, nacionalista com quase 10% dos votos não deixa de ser alarmante. Fingir que o resultado não é significativo é entrar numa narrativa perigosa.  Os resultados em Portugal foram os seguintes: Partido Socialista 8 deputados; Partido Social Democrata 7 deputados; Chega 2 deputados; Iniciativa Liberal 2 deputados; Bloco de Esquerda 1 deputado e Coligação Democrática Unitária 1 deputado. 

A Europa está em perigo e estas eleições só confirmaram que os partidos xenófobos, nacionalistas e populistas vieram para tomar o poder das instituições europeias. A extrema-direita, para capitalizar os ganhos no Parlamento Europeu deverá fundir os seus dois grupos parlamentares - Identidade e Democracia e Conservadores e Reformistas Europeus.

Pode ainda não ser neste mandato que se inicia brevemente, que o próprio Conselho Europeu ficará nas mãos da extrema-direita, mas se os partidos democratas-cristãos e socialistas continuarem a manifestar a incapacidade de proporcionar uma vida melhor e mais justa aos cidadãos europeus o fim do projeto europeu baseado na defesa da paz, do Estado Social e da proteção ambiental está decisivamente ameaçado.

Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo ortográfico de 1990