Opinião
#vailhestudocorrerbem 3 (A banca)
O humor, pelo alívio temporário que traz. Os jogos pela libertação do tempo útil e escape sem classificação etária. E a banca, igreja da nova religião: o monetarismo.
Só um tolo pode chegar a 2020 e não pensar que a única coisa que nos distingue dos animais que deixamos queimar é o dinheiro, a incúria e o sentimento de superioridade moral perante o “outro”.
É esta a base da sociedade civil. O ensaísta Douglas Murray confirma-o pelo seu estupendo livro A Insanidade das Massas.
É nesta estruturação que se apoiam as coisas que, nesta série de artigos, apontei como tendo imunidade à crise Covid-19.
O humor, pelo alívio temporário que traz. Os jogos pela libertação do tempo útil e escape sem classificação etária. E a banca, igreja da nova religião: o monetarismo.
Cada vez que vou no carro e ligo a rádio e ouço um anúncio ao Novo Banco, não consigo deixar de pensar: quem paga por este marketing que publicita uma instituição falida e fraudulenta, que reportando prejuízos estratosféricos todos os anos, promete a quem escuta investimentos bem-sucedidos?
Com que historial, com que moral? Porque pagámos nós as contas, os prémios de gestão, que nunca se detiveram nem com os números no abismo negativo?
E se “assim teve de ser” para “salvar o compromisso da economia”, porque se publicita o engano?
Se me dessem crédito público a fundo perdido, também eu seria um gestor premiado. Se me deixassem dizer uma coisa e o seu contrário, também eu era director da DGS. Se me deixassem faltar ao prometido, também eu seria o melhor dos autarcas.
Por isso é que mesmo que o mundo explodisse como Beirute (incúria, política, más decisões) haveria alguém a montar banca para emprestar dinheiro quando a poeira tóxica baixasse.
Alguém a dizer piadas questionáveis, mas que não se questionam em nome do politicamente correcto.
Alguém a inventar um jogo para nos desviar a atenção.
Na verdade, os romanos tinham razão, mas agora o pão que comemos no circo está mais caro que nunca e há muito que o céu caiu em cima da cabeça de quem desafia a Nova Roma, onde continuamos a ser escravos sem o podermos reconhecer.