Economia
Dilema dos pneus nos eléctricos: velocidade é silenciosa e desgaste acelerado
Numa época de transição energética, é necessário ter em especial atenção elementos como os pneus
Nos veículos eléctricos, os pneumáticos degradam-se 25% mais rapidamente, devido ao peso das baterias e características da transmissão de potência, exigindo manutenção atenta. Deixamos aqui algumas dicas.
Numa época de transição energética, é necessário ter em especial atenção elementos como os pneus.
Os novos veículos têm necessidades específicas e prazos mais curtos de utilização e desgaste dos pneumáticos que, por uma questão de segurança do condutor e dos passageiros, devem ser regularmente inspeccionados.
Falámos com Luís Mendes, líder técnico na Pneutec/Euromaster, em busca de conselhos práticos e segredos sobre como tratar dos pneus.
Primeiro que tudo, sim, os pneus dos eléctricos são diferentes. Muitas marcas produzem estes componentes já com as siglas EV, indicadoras de veículo eléctrico - ou Electric Vehicle.
“São pneus específicos, porque têm de resistir a uma aceleração muito agressiva, que não se verifica nos carros a combustão. A transmissão da potência entre o motor e as rodas é imediata. E, depois, há dois outros problemas, que são a travagem e o peso das baterias. Ou seja, tudo isso agride muito o pneu. Portanto, é um veículo bastante mais pesado do que o tradicional”, explica o técnico.
Nos carros eléctricos, o desgaste dos pneus é 20 a 25% mais rápido do que num carro a combustão.
Se o condutor também pratica uma condução mais agressiva, a vida útil vai reduzir-se substancialmente.
Resumidamente, a travagem exige um esforço maior ao pneu, mas também nas curvas há uma pressão maior nas paredes internas e externas do pneumático, devido ao peso do carro e das baterias.
“De qualquer modo, há soluções específicas no mercado. Temos, por exemplo o Michelin Pilote Sport EV, da gama alta, que é, no meu entender, perfeito para essas situações. Na gama média, a mesma marca tem outro produto, o E-Primacy, que serve para qualquer veículo e assenta na perfeição, tanto nos híbridos, como nos eléctricos, porque tem um atrito baixo”, adianta, sublinhando que, no fim de contas, o importante é a resistência ao desgaste agressivo provocado até pela mais calma e cuidada das conduções.
“A grande vantagem desses produtos é que estão especialmente preparados para todas essas contingências dos veículos eléctricos.”
No dia-a-dia, os cuidados são muito diferentes daqueles que são prestados num automóvel convencional com motor térmico?
Não, mas não se deve facilitar.
“As pressões são fundamentais. De qualquer modo, os carros hoje têm um sistema de monitorização de pneus. O que é preciso lembrar é que é necessário trocá-los de trás para a frente, a cada dez a 15 mil quilómetros percorridos. Quando temos um carro com pneus mais largos atrás, deve-se também fazer uma rotação, mas de um lado para o outro do veículo: da direita para a esquerda e vice-versa”, sublinha Luís Mendes.
Para ajudar na preservação da pressão e estabilizar a temperatura, na Pneutec/Euromaster é sempre feito um enchimento especial com azoto.
“É um gás mais estável em termos de temperatura. Não é milagroso, mas ajuda até a perder menos pressão, pois as suas partículas são maiores e, mais dificilmente, escapam entre o pneu e a jante.”
Com o tempo frio a chegar, há algum cuidado especial a ter?
“Não. Devemos apenas manter o olho nas pressões e ter em atenção que, embora lei coloque como altura mínima do rasto 1,6 milímetros, nos carros eléctricos, deveremos pensar em trocar os pneus quando ele chega aos 2,5 milímetros”, alerta Luís Mendes.