Viver

Há 100 anos a criar laços através das artes

18 jan 2020 15:30

Há um século nascia um agrupamento musical que, durante décadas, levou música às localidades. Em 1985, a Banda de Alcobaça recuperava fulgor e é hoje mãe de uma série de projectos artísticos de qualidade, que cultivam e agregam a comunidade onde se insere

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Banda de Alcobaça celebra primeiro centenário
DR
Daniela Franco Sousa

Um século de história da Banda de Alcobaça (BA), e de todos os projectos que dela derivaram, dificilmente se resume numas linhas. Mas há, no entanto, um conjunto de iniciativas, desde a sua academia, passando pelos seus festivais, até às acções de intervenção social que, pela sua qualidade e cariz agregador, conquistaram vida própria e merecem hoje incontestável reconhecimento.

O JORNAL DE LEIRIA faz uma retrospectiva do trabalho desenvolvido pela BA e deixa a porta entreaberta, para que se espreitem algumas das novidades que a instituição está a preparar. Eliminar comportamentos de violência ou indisciplina dos alunos, através das artes, ou levar a população a cantar, tenha ela formação ou não, são duas dessas novas iniciativas que demonstram plena vitalidade numa instituição centenária.

Ao nosso jornal, Susana Martins e António Morais, directora-executiva e director pedagógico da Academia de Música de Alcobaça, respectivamente, adiantaram que, em desenvolvimento, está o projecto Cantar com os Monges, que pretende aproximar a comunidade da música e do canto, independentemente da formação artística que cada um possa ter. A ideia é que, depois de vários encontros e aulas, Cantar com os Monges possa terminar com um espectáculo.

Intervir nos comportamentos disruptivos em aulas, seja violência seja indisciplina, através das artes, agindo sobre os vários contextos em que se move o aluno (incluindo a sua relação com o professor, os colegas e a família) é outro projecto-piloto que a BA está a desenvolver. A intervenção social é de resto uma das áreas onde a instituição pretende aumentar a sua acção.

Novo fulgor a partir de 1985

A BA foi fundada em 1920 e durante quase 40 anos levou a sua música a inúmeras localidades, com actuações em vários pontos do País. Mas foi em Janeiro de 1985 que um grupo de cidadãos de Alcobaça fez a BA regressar à actividade, tendo para isso contribuído a fundação de uma escola de música.

Desde então, a BA tem vindo a afirmar-se no panorama musical português devido ao repertório executado, que está agora mais próximo de uma orquestra de sopros ou mesmo de uma banda sinfónica do que de uma banda filarmónica tradicional, e também devido à qualidade dos seus jovens músicos, que foram concluindo a sua formação nesta casa.

E a formação tornou-se de tal forma uma prioridade para esta instituição, que integra hoje a Academia de Música de Alcobaça, escola de ensino especializado de música e dança autorizada pelo Ministério da Educação, e que é também responsável pela dinamização de inúmeros cursos livres.

À BA se deve ainda o desenvolvimento de um vasto conjunto de projectos de intervenção social, voltados para a comunidade onde se insere: Inglês, expressão corporal e expressão musical dirigida ao pré-escolar; componente de apoio à família (dinamizada em várias escolas e centros escolares da região); actividades de enriquecimento curricular; também a iniciativa Hoje há baile, vocacionada para os idosos; e ainda projectos orientados para pessoas com necessidades educativas especiais, entre os quais Sons d'Encantar, Sons Com(n)Sentidos, Sons que Educam e Música e Espiritualidade.

A área artística é outra das vertentes mais conhecidas da BA, de onde se destacam festivais de renome como o Cistermúsica (Festival de Música de Alcobaça); o Gravíssimo! (Festival e Academia de Metais Graves de Alcobaça); também o Programa Educativo, à luz do qual têm resultado espectáculos, masterclasses e outras iniciativas voltadas para bebés, crianças, adultos e idosos; também a Banda Sinfónica de Alcobaça ou o Concurso Internacional de Música de Câmara Cidade de Alcobaça.

Ao todo, as várias actividades da BA chegam hoje a 3196 alunos e utentes, empregam 104 docentes e 20 colaboradores não docentes, transformando esta casa numa das maiores empregadoras de Alcobaça. Os vários alunos formados pela academia da BA que dali partiram para cursos superiores de música e dança, em Portugal e no exterior, os vários prémios que conquistaram, as actuações que fizeram nos grandes palcos do mundo, demonstram oêxito do trabalho desenvolvido por esta intuição ao longo dos anos. Em muitos casos, os alunos passaram de estudantes a professores, nutrindo afecto e reconhecimento pela casa que os formou.

Entre esses ex-alunos está Bernardo Matias, de 23 anos, natural de Caldas da Rainha, que começou a ter aulas de saxofone na Academia de Música de Alcobaça aos 13 anos e ali fez toda a sua formação até ingressar na licenciatura de Interpretação de Instrumento, na Universidade de Évora. De aluno, passou a professor da Academia de Música de Alcobaça e divide hoje o seu tempo entre a docência e o mestrado em Ensino.

“Devo muito a esta casa, onde comecei a entender a música de forma profissional. Tive bons professores, entre eles Mário Marques, com quem voltei a trabalhar quando já estava na Universidade de Évora”. É esse gosto pela música e incentivo a prosseguir estudos na área musical que o ex-estudante tenta agora transmitir aos seus alunos.

É com “orgulho” que Bernardo Matias fala da Academia e da BA: “Já se associa Alcobaça à cidade da música e dos bons músicos e isso é trabalho nosso”.

“Plantamos a semente e acompanhamos o crescimento”

Susana Martins e António Morais salientam que a qualidade é um dos traços comuns aos vários projectos d

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