Sociedade

Presidente da República visita família e corporação de bombeiro morto em incêndio de Leiria

21 jul 2020 20:48

"É isso que espero amanhã, no silêncio da cerimónia e do velório. Que cada um diga para consigo mesmo: ‘podes contar comigo que vou fazer por mim e por ti’. Não vou fazer sozinho, vamos fazer todos em conjunto”

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Marcelo Rebelo de Sousa esteve hoje nos bombeiros de Monte Redondo
CML

O Presidente da República visitou hoje a família de André Pedrosa e a corporação de bombeiros de Monte Redondo, farda que vestia quando morreu, no sábado, num incêndio em Leiria.

Vindo de Madrid, onde almoçou com o rei de Espanha, Felipe VI, Marcelo Rebelo de Sousa aterrou esta tarde na Base Aérea n.º 5 de Monte Real, em Leiria, para visitar a família do bombeiro falecido.

O chefe de Estado esteve com a mulher e com a mãe de André Pedrosa, assim como a filha, nascida há cerca de uma semana, uma vez que não poderá estar presente no funeral, que se realiza esta quarta-feira, justificou.

 Depois de estar com a família e amigos do bombeiro de 33 anos, que morreu durante a fase de vigilância ao incêndio no Arrabal, em Leiria, no sábado, o Presidente da República dirigiu-se à corporação de Monte Redondo, uma secção dos Bombeiros Voluntários de Leiria, onde André Pedrosa prestava serviço.

 “Aquilo que vos queria dizer é um pouco o que disse à mãe e à esposa do André. Agora, é preciso olhar para o futuro. Às vezes, há destas coisas estranhas que não sabemos explicar, que é a vida aparecer ligada à morte. A vida, que é o nascimento de uma criança tão desejada ligada no tempo, com a distância de quatro dias, da partida inesperada do André”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos bombeiros que o receberam na corporação de Monte Redondo.

O chefe de Estado considerou necessário “homenagear o André” e a “melhor homenagem que se pode fazer a quem partiu cedo demais é olhar para o futuro”.

 “Assim como a família que vai olhar para o futuro daquela criança e vai fazer aquilo que seria o que o André quereria que fosse feito, no que diz respeito a vocês é olhar para o futuro e fazer aquilo que, tenho a certeza, que o André quereria que fosse feito: manter o espírito de unidade, manter o amor a esta corporação, manter o compromisso de serviço e reforçá-lo cada dia mais do que o anterior ao serviço dos outros”, sublinhou.

 Num primeiro momento, “como é natural, há aquele choque, aquele desgosto, aquela prostração, aquele sentimento de ausência, de perda, alguém que ainda há pouco estava connosco e de repente deixou de estar e deixou um lugar vazio enorme na nossa vida e no nosso coração”, acrescentou.

 Lendo em voz alta a mensagem escrita num cartaz preso a um carro de bombeiros que dizia: ‘o André nasceu connosco e continuará connosco. Até sempre 'gordito'”, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que a “forma de estarem com o André é estarem ao serviço dos outros com mais coragem, mais persistência, mais teimosia, mais dedicação e entusiasmo”.

 “É isso que espero amanhã, no silêncio da cerimónia e do velório. Que cada um diga para consigo mesmo: ‘podes contar comigo que vou fazer por mim e por ti’. Não vou fazer sozinho, vamos fazer todos em conjunto”, reforçou.

 Considerando que o “André enquanto pessoa é insubstituível”, porque “todos somos diferentes”, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que o “papel que ele desempenhava tem de ser preenchido por todos” os bombeiros de Monte Redondo.

 O Presidente da República prometeu voltar a visitar a família e a corporação dentro de seis meses. “Quero ver como cresceu a criança que tem seis, sete ou oito dias, e como cresceu a vossa resistência. Como aguentaram, como superaram e como é que reforçaram a vossa unidade”.

 Já Gonçalo Lopes, presidente do Município de Leiria, anunciou que a filha de André Pedrosa “será a mascote” do quartel e irá preparar uma forma de angariar fundos para ajudar na educação da criança.

 “A filha do André Pedrosa será uma de nós. Vamos fazer tudo o que for possível para ajudar no que for preciso. A filha, a mulher e a mãe do André vão contar com o nosso apoio incondicional. O André vai continuar sempre connosco”, disse um dos bombeiros da corporação, Bruno Pereira.

"Já somos unidos e isto ainda nos vem unir mais. Sabemos que vamos ter ali um elemento extra. Ele vai estar semrpe connosco. Ele não quereria outra coisa que não fosse continuar com esta união, que temos actualmente e fortalecê-la ainda mais e sermos ainda melhores no apoio ao próximo", acrescentou Patrício Neves, que estava com André Pedrosa no momento em que este sofreu uma paragem cardio-respiratória.