Opinião
Bem-vindos a Alvaiázere!
As políticas territoriais têm sido muito familiares, literalmente, e não têm sido alavancadas nas mais-valias daquele território, por potenciar
Alvaiázere é um território que todos deveriam conhecer. É dos mais belos territórios que podemos visitar ou, quiçá, no qual viver. Possui um património extraordinário ainda não gravemente ferido por projectos que tenham comprometido a sua integridade territorial, mesmo que se possa colocar um “no entanto” na frase.
Em 2001 tinha 8.438 residentes, em 2011 o número baixou para 7.287 e em 2021 para uns muito preocupantes 6.238 residentes. Em 2008 Alvaiázere tinha 165 residentes estrangeiros e em 2022 já eram 509, boa parte deles vindos de países como o Reino Unido e outros países nórdicos. Números curiosos que só surpreendem quem não conhece o território e as políticas territoriais assumidas pelo poder local nas últimas décadas.
Estas políticas territoriais têm sido muito familiares, literalmente, e não têm sido alavancadas nas mais-valias daquele território, por potenciar. Há apenas uma semana, e numa sessão pública de esclarecimento sobre um projecto de prospecção e pesquisa de areias siliciosas e argilas especiais, primas dos caulinos, aconteceu algo curioso, pois apenas a 16 minutos do início faltou a luz, mas apenas naquela aldeia... Voltou uma hora depois e felizmente isso não levou as pessoas a desmobilizar.
Foram 100 pessoas a assistir e participar, indignadas, nesta sessão. Na mesa estavam dois elementos da empresa, com a conversa do costume. Ao lado, o presidente da Câmara de Alvaiázere e o presidente da Junta de Freguesia de Almoster, sendo que o primeiro afirmou que estava com o povo, mesmo tendo dado parecer favorável condicionado ao projecto.
Entretanto, o segundo deu parecer desfavorável, sinal que compreendeu o básico. Temos, portanto, um autarca que não compreende que o parecer favorável que deu é uma machadada final num território e numa região. O turismo irá sofrer, com alojamentos a fechar e a despedir. Mas não só, pois todas as actividades económicas irão perder apenas para que uma empresa possa encaixar uns milhões à custa de um território ímpar.