Economia

Milhão e meio de clássicos na estrada e não são de colecção

31 mar 2025 08:00

Número de carros em circulação com mais de 20 anos atingiu um novo máximo

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Foram importados cerca de 106 mil carros em 2024, com idade média de oito anos
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Jacinto Silva Duro

O parque automóvel convencional em Portugal está cada vez mais envelhecido e a contribuir para isso está a importação de carros usados, a partir de outros países da Europa.

O fenómeno, em termos de emissão de gases com efeito de estufa, poderia ser pior, caso não tivessem aparecido os carros eléctricos ou electrificados que também estão a assistir a um aumento da importação para venda em segunda mão.

O número de carros em circulação com mais de 20 anos atingiu um novo máximo, contabilizando-se 1,6 milhões de veículos, com a idade média a ultrapassar os 14 anos.

Os dados foram avançados pela Acap – Associação Automóvel de Portugal que esclarece que os consumidores nacionais, não apenas estão a trocar de carro cada vez mais tarde, como importam automóveis cada vez mais velhos.

Foram importados cerca de 106 mil carros em 2024, com idade média de oito anos.

No total, 40% dos importados têm entre 5 e 10 anos, e 27% têm mais de dez anos.

Apenas 2% superam os 20 anos.

A preferência dos consumidores vai para carros diesel, tecnologia que está a ser descontinuada nos restantes países europeus.

Em 2024, 44% dos usados importados tinha motores a gasóleo.

Paulo Carrito, comerciante de carros semi-novos e usados, de Leiria, explica que, no seu caso e noutros operadores no mercado, a necessidade de recorrer à importação acontece nas gamas eléctricas ou electrificadas, uma vez que o mercado nacional ainda não tem capacidade para responder às solicitações.

Nas restantes motorizações, o parque nacional disponível dá resposta.

Em relação ao envelhecimento, aponta como principal responsável a política fiscal, que, em vez de penalizar o valor dos carros velhos e poluentes, até os beneficiam.

“Este ano, até baixaram a fiscalidade de viaturas matriculadas até 2020”, nota.

As medidas de abate de veículos em fim de vida não correspondem às expectativas e foram alvo de críticas do secretário-geral da Acap, HelderPedro, no relatório que acompanha os dados sobre importados.

“O Governo fez uma aplicação muito fraca, mais reduzida do que era expectável, afirmou.”