Sociedade

Surdos denunciam falta de resposta dos serviços públicos

14 dez 2024 09:22

Um surdo para tratar de algum assunto nos serviços públicos de Leiria tem de ser acompanhado de um falante, por norma, um familiar

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A comunidade surda manifestou-se em frente à Assembleia da República

Fazer o cartão do cidadão, tratar de assuntos na câmara municipal, ligar para a Saúde 24 ou até ir a uma urgência hospitalar podem ser tarefas simples para quem ouve e fala, mas para a comunidade surda as barreiras são imensas.

Rui Costa, presidente da Assembleia Geral da Associação de Surdos Alta Estremadura, em Leiria, denuncia ao JORNAL DE LEIRIA que os serviços públicos não estão aptos para receber quem não ouve e não fala. “Não existe serviço de intérprete e se tivermos de levar um, teremos de pagar”, revela.

Segundo conta, apenas na Segurança Social é possível solicitar no local um serviço de intérprete de Língua Gestual, mas nem sempre funciona de forma correcta e com a disponibilidade imediata para fazer a tradução no momento. “A linha Saúde 24 não funciona também, o que é muito grave porque a acessibilidade tem de ser igual para todos”, sublinha.

Rui Costa adianta queexprimir-se. No hospital, se tiver uma consulta agendada posso solicitar antecipadamente a presença de um intérprete, mas terei de pagar”, aponta, ao reforçar que os intérpretes de Língua Gestual são poucos, têm uma situação precária, pelo que nem sempre têm um horário para ajustar às suas necessidades. Para Rui Costa, é lamentável que faltem respostas, quando já existe tecnologia que pode ser associada aos computadores dos serviços que permite garantir a comunicação em pleno. “A prioridade é ter Língua Gestual em toda a parte, incluindo nos call center para que nos sintamos cidadãos plenos e não discriminados. Sou cidadão português e as pessoas não conhecem a minha língua”, constata. Por isso, o dirigente defende que a Língua Gestual seja ensinada na escola a todos, para que a comunicação seja possível entre todos. Confessando que não se sente discriminado, Rui Costa admite que, por vezes, se sente diferente perante os olhares de quem não compreende porque não responde a um pedido para deixar passar ou a um cumprimento oral, simplesmente porque não ouviu. No dia 15 de Novembro, data que assinalou o Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa, a comunidade surda leiriense uniu-se à Federação Portuguesa das Associações de Surdos numa manifestação que percorreu o Parque Eduardo VII até à Assembleia da República, em Lisboa, onde foram recebidos pelos partidos.

Além da falta de privacidade, sobretudo, nas questões de saúde, há ainda o problema de a pessoa não explicar tão bem como se fosse o próprio. “Muitas vezes, o meu pai vai comigo tratar dos assuntos, mas ele já tem alguma dificuldade em exprimir-se.

No hospital, se tiver uma consulta agendada posso solicitar antecipadamente a presença de um intérprete, mas terei de pagar”, aponta, ao reforçar que os intérpretes de Língua Gestual são poucos, têm uma situação precária, pelo que nem sempre têm um horário para ajustar às suas necessidades.

Para Rui Costa, é lamentável que faltem respostas, quando já existe tecnologia que pode ser associada aos computadores dos serviços que permite garantir a comunicação em pleno.

“A prioridade é ter Língua Gestual em toda a parte, incluindo nos call center para que nos sintamos cidadãos plenos e não discriminados. Sou cidadão português e as pessoas não conhecem a minha língua”, constata. Por isso, o dirigente defende que a Língua Gestual seja ensinada na escola a todos, para que a comunicação seja possível entre todos.

Confessando que não se sente discriminado, Rui Costa admite que, por vezes, se sente diferente perante os olhares de quem não compreende porque não responde a um pedido para deixar passar ou a um cumprimento oral, simplesmente porque não ouviu.

No dia 15 de Novembro, data que assinalou o Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa, a comunidade surda leiriense uniu-se à Federação Portuguesa das Associações de Surdos numa manifestação que percorreu o Parque Eduardo VII até à Assembleia da República, em Lisboa, onde foram recebidos pelos partidos.