Opinião
Fátima: 6,8 milhões de turistas
Quando se escreve ou se fala de Fátima, não se trata, somente, das necessidades de uma freguesia do concelho de Ourém
Nas vésperas do dia 12 de maio as estradas da região de Leiria encheram-se de peregrinos que se dirigiam a pé, em direção a Fátima. Nem as condições climatéricas travaram as mais de 450 mil pessoas que participaram na procissão das velas (noite de 12 de maio), no terço, missa e procissão do adeus (dia 13 de maio).
Fátima recebe, anualmente, 5 grandes peregrinações, ainda que só a de maio conte com a presença da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. É paradoxalmente estranho que nas outras 4, as autoridades nacionais descurem, ano após ano, estas grandes movimentações, deixando nas mãos da Proteção Civil de Ourém e no encargo financeiro da Câmara Municipal, a responsabilidade de assegurar e custear as operações.
Então só em maio é que é necessário “prestar assistência e socorro aos milhares de peregrinos que se deslocam ao Santuário de Fátima para as cerimónias religiosas” e proporcionar “capacidade e rapidez de intervenção dos dispositivos que materializam o Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro e o Sistema Integrado de Emergência Médica, bem como, assegurar uma coordenação institucional efetiva e permanente no âmbito das estruturas de proteção civil”?
Em 2023, Fátima foi a cidade do país, a seguir a Lisboa, que mais turistas recebeu (6,8 milhões de pessoas). Um crescendo de fluxos que exigem infraestruturas de apoio e de logística adequados às necessidades de segurança, saúde, mobilidade (...). Recentemente, a Câmara Municipal de Ourém e um grupo de empresários construiu um heliporto. A autarquia está para avançar, nas imediações, com a construção de um hospital de campanha para criar uma infraestrutura que congregue, no mesmo local, todas as valências e entidades durante as grandes peregrinações.
Mas, sendo Fátima o maior destino de peregrinação nacional e constituindo-se, nesse sentido, como uma exceção a nível nacional, perante as operações que anualmente têm de ser asseguradas, o Governo não devia comparticipar uma parte destas estruturas?
Fátima não dispõe, por exemplo, de um Quartel de Bombeiros que acolha, digna e proporcionalmente, todos os bombeiros e veículos que asseguram as operações de socorro. A Câmara Municipal de Ourém já disponibilizou 2 milhões de euros para a construção de novas instalações. Porém, dos últimos governos, só se conhece o silêncio.
Quando se escreve ou se fala de Fátima, não se trata, somente, das necessidades de uma freguesia do concelho de Ourém. Referimo-nos a um local que contribui para a economia da região e que é uma janela aberta para o mundo.
Sendo a qualidade da experiência turística e religiosa dos turistas determinante para o destino, ampliam-se os motivos para uma estruturada e objetiva intervenção do governo, em parceria com a Câmara Municipal de Ourém. A região agradecia.
Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990