Economia

Hidrogénio da região de Leiria passa à segunda fase de programa europeu

2 ago 2023 17:00

Prevê-se a criação de uma unidade de produção de hidrogénio e a aquisição de quatro autocarros, dois para a linha de Leiria - Marinha Grande, um para Pombal e outro para Ourém

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Proposta da região de Leiria passa pela aplicação do H2V em quatro linhas de autocarros
Jacinto Silva Duro

De um total de 144 candidaturas regionais à primeira fase do programa europeu Interreg Sudoe, para utilização de hidrogénio de origem renovável (H2V), apenas 71 passaram à segunda fase.

Um dos consórcios que assegurou um lugar na próxima etapa foi o liderado pela Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), pela Agência Regional de Energia da Alta Estremadura (Enerdura) e pela Nerlei – Associação Empresarial da Região de Leiria.

O primeiro secretário da CIMRL, Paulo Batista Santos, explica que o projecto da região - SHAREDH2-SUDOE - conseguiu uma boa nota, ficando em terceiro lugar entre os 71 que transitaram para a segunda fase.

“Acredito que temos todas as condições para a aprovação definitiva.”

As três entidades integram uma parceria internacional, que promove a iniciativa na região.

Fazem parte, ainda, do grupo de trabalho a Agência Regional de Energia e Ambiente do Norte Alentejano e Tejo (AREANATejo) e a RNAE – Associação de Agências de Energia e Ambiente. 

A iniciativa prevista para a região de Leiria recebeu igualmente parecer positivo da Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) para a produção de H2V, com recurso a uma central solar fotovoltaica. 

Esta é uma condição sine qua non, para o cumprimento dos requisitos de abastecimento das viaturas de transporte colectivo. 

O projecto alcançou uma pontuação de 68 pontos e corresponde a um investimento superior a 1,5 milhões de euros.

A candidatura conta ainda com outros parceiros.

Em representação de Espanha encontramos a Junta Regional de Castilla e León, a Universidade de Salamanca e o Instituto Tecnológico de Castilla e León.

Em representação de França, estão a Escola Superior de Tecnologias Industriais Avançada de Bordéus, Associação DERBI - cluster de competitividade e da transição energética, e a Associação Club Vision Hydrogène.

Segundo a informação veiculada pela CIMRL, a meta é a promoção e demonstração prática da utilização de H2V, obtido a partir de fontes renováveis, como solução flexível capaz de ser facilmente distribuída e com possibilidade de ser usado como método de armazenamento de energia em comunidades energéticas locais. 

O combustível assim obtido poderá ser alternativa para utilização em áreas estratégicas como a mobilidade, contribuindo para o desenvolvimento de novas actividades económicas sustentáveis e para a mitigação dos impactos ambientais, diminuindo a pegada carbónica, reduzindo ou eliminando a necessidade de recurso aos combustíveis convencionais. 

Na região de Leiria foi identificado como elegível a implementação do projecto de mobilidade desenvolvido pela CIMRL, na ligação entre Leiria e Marinha Grande, como medida de descarbonização e complementar, para a redução do número de viaturas que circulam na EN 242. 

O projecto a implementar com recurso a autocarros movidos a H2V, produzido com recurso a energia fotovoltaica, conta com a colaboração técnica de empresas com operação na região de Leiria, a PRF - Gas Solutions e a Lusitaniagas, S.A. 

Paulo Batista Santos explica que o H2V que não for utilizado para a mobilidade será destinado à utilização por equipamentos públicos municipais. 

“Sabemos que a piscina municipal de Leiria é capaz de consumir todo o excedente”, refere. 

Está, igualmente, a decorrer uma candidatura ao PRR, para a criação da unidade de produção e para a aquisição do material rolante. 

“Serão quatro autocarros, dois destinados à ligação entre Leiria e Marinha Grande, um para Pombal e outro para Fátima”, adianta o primeiro secretário da CIMRL. 

Segundo o parecer da DGEG, a unidade de produção de H2V, a construir em Leiria, será constituída por electrólise alcalina com DR potência eléctrica total de 228 kWe (capacidade de produção de 43 Nm3 /h, ou 0,15 MW H2 output), sendo alimentada com energia de uma central solar fotovoltaica de 700 kWp, complementado em alturas de défice de produção de energia solar-fotovoltaica, com energia da rede adquirida através de um PPA de energia renovável com garantias de origem. 

A DGEG refere que assim será assegurado o cumprimento dos requisitos dos regulamentos da União Europeia, garantindo que o electrolisador será sempre alimentado com energia renovável. 

O sistema inclui também uma unidade de armazenamento de baixa pressão (4kg H2 a 30 bar), uma unidade de compressão de hidrogénio e outra unidade de armazenamento de alta pressão (111kg H2 a 500 bar). 

A água necessária para o processo, será proveniente da rede pública. 

Além do sector dos transportes, prevê-se ainda a injecção H2V na rede pública de gás.