Sociedade

Aulas ao sábado, ensino presencial e misto no Politécnico de Leiria para prevenir contágio por Covid-19

3 set 2020 19:40

O presidente do Politécnico entende que este é um ano "extremamente desafiante".

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O ensino presencial é o modelo preferencial no ensino superior e o Politécnico de Leiria vai arrancar o novo ano lectivo com aulas nos seus campi.

Rui Pedrosa, presidente da instituição de ensino superior, assume que o modelo presencial será “complementado com algumas actividades lectivas à distância e ensino misto”.

“Também a utilização do sábado será uma estratégia para reduzir a pressão dos nossos campi, facto que será adoptado por algumas das nossas escolas, em particular as maiores.

Por princípio, os cursos terão manchas horárias de manhãs ou tardes, de modo a reduzir a pressão nos campi, bem como alocação a um número reduzido de salas, de modo a termos o efeito de “bolha” por turma, caso seja necessário adoptar alguma medida em função de casos positivos, que serão praticamente inevitáveis”, explica Rui Pedrosa.

O responsável confessa que este será um “ano extremamente desafiante, por múltiplos motivos, em que a pandemia Covid-19 será um factor determinante na base do planeamento e tomada de decisão, quer se fale do ensino, da investigação, da partilha e valorização de conhecimento ou da internacionalização”.

Rui Pedrosa sublinha que o Politécnico de Leiria está a realizar um “enorme investimento para reduzir ao máximo os riscos de contágio, quer pela definição de regras de funcionamento para reduzir a pressão nos campi, quer pelo investimento em equipamentos de protecção individual e sistemas de higienização, instalados em todas as salas de aula, incluindo laboratórios dedicados ao ensino e à investigação”.

Todas as medidas adoptadas nas cinco escolas do Politécnico de Leiria, que este ano disponibilizou 2025 vagas para os cursos de licenciatura, estão a ser aplicadas em estreita” articulação com as autoridades de saúde locais, que têm sido determinantes desde do início da pandemia”.

Os refeitórios do Politécnico de Leiria vão funcionar “normalmente”, mas terão a “lotação reduzida para metade, horários alargados e regras apertadas de higienização”.

Em relação ao alojamento, o Politécnico de Leiria disponibiliza mais de 750 camas nas residências dos serviços de acção social, tendo a redução sido mínima.

Reorganizando o mobiliário, foi possível cumprir com as regras recomendadas pela DGS, sem retirar um número significativo de camas, “facto que é determinante em qualquer instituição, mas ainda mais relevante numa instituição como o Politécnico que tem mais de três mil bolseiros”.

Aliás, “os apoios sociais serão ainda mais determinantes no próximo ano devido ao impacto económico e social da pandemia”.

Rui Pedrosa reforça que, além dos apoios decorrentes da Direcção- Geral do Ensino Superior, designadamente as bolsas de acção social, o Politécnico de Leiria tem o programa FASE (Fundo de Apoio Social ao Estudante) para apoio especial a estudantes com situação económica mais frágil.

“Neste programa, o Politécnico de Leiria coloca mais de 250 mil euros anuais, e este ano teremos assistentes FASE alocados a tarefas promotoras de um Politécnico de Leiria Clean & Safe.”

O Politécnico de Leiria é uma instituição “cada vez mais global e multicultural”, em que a estratégia de internacionalização tem sido “uma forte aposta”.

A liderança da Universidade Europeia RUN – Regional University Network é “um exemplo claro” disso.

“Esperamos receber estudantes internacionais e tomaremos todas as regras que forem indicadas pelas autoridades de saúde. A nível nacional existem medidas transversais, nomeadamente quanto à obrigatoriedadede realização de testes de diagnóstico para os estudantes internacionais, o que trará segurança àmobilidade de estudantes internacionais”, afirma Rui Pedrosa.

O presidente recorda ainda que o Politécnico de Leiria tem um centrode diagnóstico para Covid-19,que também será utilizado para estratégias de rastreio no âmbitoda academia .Com os novos horários do Politécnico de Leiria, os estudantes vão necessitar de meios de transportemais versáteis. Este é um dosproblemas que estão a preocuparos alunos.

O Município de Leiria afirma ao JORNAL DE LEIRIA que já reuniu com o Politécnico de Leiria “com o objectivo de ser efectuadoo levantamento das necessidades de transportes, tendo em conta a nova distribuição horária do ensino superior”.

“Só após aentrega dessa informação será possível avaliar sobre a necessidadede efectuar ajustes.”

Novas ofertas formativas

Este ano lectivo o Politécnico deLeiria apresenta novas ofertas formativas, como por exemplo os Cursos Técnicos Superiores Profissionais em Produção de Construções Metálicas, Secretariado Clínico, Estética, Cosmética e Bem-Estar e os mestrados em Design para a Saúde e Bem-Estar e Gastronomia.

O Politécnico terá ainda o doutoramento em Fabricação Digital Directa em associação com a Universidade do Minho.

“Teremos ainda muitas novidades nas pós-graduaçõese cursos curtos pensadospara a requalificação e qualificação avançadas de profissionais.”

À semelhança de outras instituições de ensino superior, o Politécnicode Leiria teve um reforço orçamental de 2% via Orçamento do Estado, “de acordo com o estipulado no acordo e legislatura, bem como a compensação resultante da redução do valor das propinas para os estudantes nacionais”.

“Infelizmente, tudo isto não melhora o sub-financiamento crónico do Politécnico de Leiria. Pelo contrário, um aumento igual para todas as instituições aumenta as desigualdades do financiamento. O Politécnico de Leiria é a nova maior instituição de ensino superior pública em Portugal e a quinta mais sub-financiada”, critica Rui Pedrosa.

O presidente revela que existem instituições do ensino superior “com, aproximadamente, metade dos estudantes” do Politécnico de Leiria e “com financiamento idêntico”.

“Há também instituições do ensino superior com pouco mais estudantes do que o Politécnico de Leiria e com mais de dez milhões de euros de financiamento anual, quando comparado com o Politécnico de Leiria. Enquanto não existir uma fórmula de financiamento para o ensino superior estas desigualdades inexplicáveis não vão melhorar”, sublinha.